segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Mecânica do Não Ser

Sinto que puxas os lençóis do outro lado do mundo,
Costas gélidas, um arrepio sobe pelos elos da espinha,
Toca o despertador dentro da fronha deste sono profundo,
Banho-me numa realidade onde não és minha

Levanto-me com os eixos desalinhados e parafusos soltos,
Um piscar de olhos vermelhos avisa que algo está errado,
Um zumbido defeituoso nos bocejos tontos,
Desequilibrados e sem lugar, agendados no inesperado

Abro as cortinas entre as grades da distância,
Faço mais um risco na parede sem tecto,
Conto até ao infinito o tempo com ganância,
Enganei-me na língua, já nem sei se o dia está correcto

Vivo o que o programa me ensinou,
Alheio ao papel de o escrever,
Improviso todos os passos pré-calculados,
Calco-me, no engano de o compreender

Metade do corpo ao descoberto,
Total da mente envolvida,
Longe da ideia de não estares perto,
Converto-me a uma vontade introvertida

Inverto o estado de espírito,
Auto motivo a locomoção,
Troco motor pelo coração,
Invisto em emocional com retorno

O corpo da máquina não o sente,
A alma da máquina não o é,
A avaria do dia a dia ninguém repara,
O conserto não se ouve, mas a Ode contínua...

reset, restart, rebuild, relive, redo, remain - until you retire from yourself





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